ALEXTIMIA
Há doenças piores que as doenças,
Há dores que não doem, nem na alma
Mas que são dolorosas mais que as outras.
Há angústias sonhadas mais reais
Que as que a vida nos traz, há sensações
Sentidas só com imaginá-las
Que são mais nossas do que a própria vida.
Há tanta coisa que, sem existir,
Existe, existe demoradamente,
E demoradamente é nossa e nós...
Por sobre o verde turvo do amplo rio
Os circunflexos brancos das gaivotas...
Por sobre a alma o adejar inútil
Do que não foi, nem pôde ser, e é tudo.
Dá-me mais vinho, porque a vida é nada.
Fernando Pessoa
Nosso último texto tratando do leite na alimentação criou um gancho para se pensar no binômio depressão e câncer.
Quando uma doença como o câncer atinge um anônimo cidadão em seus órgãos simbolizadores da masculinidade, sua primeira reação é tentar ocultar ao máximo o tipo de doença e o seu local de origem. Nossa inabilidade em lidar com as variáveis emocionais e sociais durante o processo de doença, se deve, a profunda sensação de impotência que nos acomete quando adoecemos. Só somos ensinados a ser saudáveis. Não há uma educação para como reagirmos às doenças.
Quando este doente/cidadão é um conhecido jornalista, esperava-se que estes fatos ficassem mais ainda abafados para não haver prejuízos a carreira ou comentários públicos. Mas quando este Cidadão é um Ser Humano comprometido com os seus semelhantes, ele pode usar seu sofrimento para tentar evitar que outros o tenham ou se o tiverem, possa ter um exemplo de coragem para sobreviver.
Na revista Trip numero 152 de fevereiro deste ano, o Senhor Leão Serva Jornalista famoso, usou seu enorme poder de escritor e invejável coragem Humana para expor sua experiência quando descobriu sofrer de câncer no testículo. O testemunho deveria ser lido por todos os homens e publicado em letras garrafais em todos os jornais.
Quando a doença nos atinge, nossa fragilidade (principalmente em nós médicos) nos faz passar por provações que nos fazem esquecer por um tempo de nosso papel social. O que é compreensível. Por isso, admiro tanto o texto do Leão Serva. A sua consciência de que é preciso colaborar com a educação nosológica falou mais alto. Pelo que se sabe até agora sobre as doenças malignas, é que parece que elas são:
• Geneticamente programadas, ou seja, deve haver uma predisposição familiar;
• Necessita para seu desenvolvimento de uma falha no sistema imunológico, ou seja, nossas células chamadas natural killers(NK) inibidas;
• São sujeitas a influências ambientais como: irradiação, poluição, tóxicos, hormônios, vírus, etc;
• Estilo de vida auto-destrutivo.
Parece haver uma menor incidência de cânceres em sujeitos hetero destrutivos, assassinos condenados à prisão perpétua ou de caráter muito agressivo aos seus semelhantes.Por sua vez, uma das características de quem desenvolve uma lesão maligna (segundo as teorias da medicina psicossomática) é a chamada personalidade C.
As pessoas com esta característica, tem ações mais proeminentes de negação das experiências traumáticas.
• Supressão das emoções ( tendência a raiva).
• Amabilidade excessiva (as vezes, contrariada)
• Não reconhecimento dos conflitos íntimos.
• Aspiração social exagerada.
• Comportamento forçadamente harmonioso
• Racionalidade contundente
• Rígido controle da expressão emocional
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